Gestante sentada com a mão sobre a barriga, olhando imagens de ultrassom do bebê, um dos exames obrigatórios no pré-natal.

Pré-natal: um guia completo para a saúde da mãe e do bebê

Pré-natal é sinônimo de saúde, cuidado e amor. Por meio desse acompanhamento, as mamães podem tratar do seu bem-estar físico e emocional durante toda a gestação, parto, nascimento, amamentação e os primeiros passos da nova fase.

Ainda, é uma etapa fundamental para saber tudo sobre o bebê antes do nascimento, escolher o tipo de parto mais adequado e tornar os papais mais seguros e confiantes para a chegada do pequeno. Acompanhe este post e entenda por que o pré-natal é indispensável para uma gestação saudável.

O que é o pré-natal?

O pré-natal é um acompanhamento que envolve uma série de medidas, como consultas, exames, vacinas e orientações, para garantir o desenvolvimento de uma gravidez saudável para a mãe e o feto.

Além das questões fisiológicas que contribuem para prevenir e detectar possíveis problemas de forma precoce, também são tratados aspectos psicológicos que podem afetar a saúde emocional da gestante, assim como avaliar deficiências nutricionais. 

Realizado em clínicas particulares ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o pré-natal pode contar com uma equipe multidisciplinar, composta por médico, nutricionista, dentista, psicólogo, fisioterapeuta, entre outros profissionais, tornando, assim, o acompanhamento ainda mais abrangente.

Quando começar o pré-natal?

Quando uma gravidez é planejada, o pré-natal pode iniciar ainda na etapa de pré-concepção. Nesse caso, o casal deve procurar um médico para a realização de exames e para buscar orientações sobre alimentação, suplementação, atividades físicas e outros hábitos de vida que contribuem para uma gestação saudável.

No entanto, muitas mulheres engravidam sem um planejamento. Nesses casos, o ideal é iniciar o pré-natal assim que a gravidez estiver confirmada.

Quantas consultas são necessárias?

O número de consultas e a frequência podem variar de acordo com o tipo de gestação e os históricos clínico, ginecológico e obstétrico da paciente. No Brasil, o Ministério da Saúde segue a diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomenda o mínimo de seis consultas para um acompanhamento adequado.

Na maioria dos casos, no entanto, esse número é maior, sendo:

  • uma consulta mensal até 28 semanas;
  • consultas quinzenais entre 28 e 36 semanas;
  • consultas semanais de 36 semanas até o parto.

No caso de uma gravidez de risco, o médico irá avaliar a frequência de consultas mais adequada.

Como é o pré-natal do SUS?

Toda gestante tem o direito de realizar consultas e exames no pré-natal, o que é garantido por lei pelo Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento, do Ministério da Saúde.

Assim, o SUS oferece todo o acompanhamento de forma gratuita. Ele contempla um mínimo de seis consultas durante a gestação e uma após o nascimento do bebê, além da realização de exames, vacinas e outros procedimentos necessários.

Para ter acesso ao pré-natal pelo SUS, a gestante deve procurar a Unidade Básica de Saúde da rede pública mais próxima.

O que é feito no pré-natal?

Além de garantir uma gestação saudável, o pré-natal é uma oportunidade para a mulher se preparar para cada fase da gravidez, para o parto e para a maternidade de modo geral. Entre os aspectos tratados durante o acompanhamento estão:

  • avaliação detalhada e monitoramento da mãe e do bebê;
  • diagnóstico precoce de doenças ou complicações que podem ocorrer durante a Gestação;
  • realização de exames e vacinas;
  • orientação nutricional e quanto ao uso de medicamentos;
  • informações sobre hábitos saudáveis e as principais mudanças que ocorrem no organismo durante a gravidez;
  • acompanhamento psicológico;
  • orientações em relação ao trabalho de parto e à importância de criar um vínculo com o bebê e o parceiro;
  • esclarecimento de dúvidas comuns durante a gravidez, nascimento, amamentação e como lidar com o pequeno nos primeiros dias de vida.

Como é a primeira consulta?

Na primeira consulta, o médico irá realizar uma avaliação detalhada da futura mamãe (anamnese), que compreende:

  • histórico da gestante, do pai e dos familiares próximos em relação à doenças, infecções e hábitos de vida (alimentação, atividade física, sono, uso de medicamentos, tabagismo, entre outros).
  • exame físico (medição, peso e pressão arterial) e gestacional;
  • previsão para o nascimento do bebê, com base na data da última menstruação;
  • avaliação da carteira de vacinação da futura mamãe;
  • orientações para uma alimentação equilibrada e sobre uso de medicamentos;
  • indicação de vitaminas e suplementos importantes;
  • solicitação de exames laboratoriais e de imagem.

Por isso, é importante que os papais reúnam as informações sobre os itens acima para aproveitar ao máximo essa consulta. A gestante também deve estar preparada para a realização de exames ginecológicos, caso o médico considere necessário.

O que perguntar para o médico?

Outra forma de se preparar para a primeira consulta é anotar todas as dúvidas relacionadas à gestação, e que podem ser esclarecidas pelo médico. Seguem algumas sugestões de perguntas que podem ser feitas nesse momento:

  • Em caso de alguma restrição alimentar, quais cuidados a gestante deve tomar?
  • O que não se deve consumir durante a gestação?
  • Quais medicamentos são permitidos durante a gravidez? Caso faça uso de algum, informar ao médico e questionar se pode continuar a utilizá-lo.
  • É possível praticar exercícios físicos e esportes?
  • Em situações em que a futura mamãe apresentar algum sintoma, perguntar se é comum.

 A gestante deve se sentir à vontade para perguntar tudo sobre a gravidez e o bebê, o que a deixará mais confiante e segura durante esse período.

Quais exames são solicitados no pré-natal?

A realização de exames é fundamental para identificar o estado de saúde da mãe e do feto, bem como para tratar possíveis complicações de forma precoce. Por isso, existem alguns exames específicos para cada fase.

Pré-concepção

Seja para quem planeja ou não engravidar, manter os exames laboratoriais e ginecológicos em dia deve fazer parte da rotina de cuidados da saúde da mulher. E, para quem já tem o hábito de frequentar o médico ginecologista anualmente, vale uma conversa ainda mais especial quando perceber que é o momento de ter um filho.

Assim, além do exame ginecológico (papanicolau), outros podem ser solicitados durante essa consulta, como:

  • hemograma completo;
  • glicemia;
  • função tireoidiana;
  • HIV, sífilis, rubéola e hepatites B e C;
  • vitaminas e minerais (como ácido fólico, vitamina D, B12, entre outras), de acordo com a avaliação médica.

1º trimestre

Caso a gravidez não tenha sido planejada, além dos exames que seriam realizados na fase pré-concepcional, podem ser solicitados:

  • tipagem sanguínea e fator Rh (para identificar se o sangue da mãe e do feto são compatíveis) e Coombs indireto (caso sejam incompatíveis);
  • toxoplasmose e citomegalovírus (para grupo de risco);
  • urina;
  • fezes (parasitológico);
  • papanicolau (se necessário);
  • secreção vaginal (se necessário);
  • ultrassonografia transvaginal (para saber se o embrião está se desenvolvendo no local correto, confirma o número de semanas da gestação e se há um ou mais bebês.
  • ultrassonografia para translucência
    nucal (realizada entre 11 e 13 semanas de gestação para avaliar possíveis riscos  de síndrome cromossômica, como síndrome de Down)
    .

2º trimestre

Considerada uma das fases mais tranquilas da gestação, pois o feto ainda é pequeno e os sintomas de enjoo e mal-estar costumam diminuir, além do hemograma e outros exames de sangue que podem ser solicitados de acordo com avaliação clínica, os principais exames no 2º trimestre são:

  • teste de tolerância oral à glicose 75mg, para diagnóstico de diabetes gestacional (realizado entre 24 e 28 semanas);
  • ultrassonografia morfológica (entre 20 e 24 semanas, para avaliar como está o desenvolvimento do bebê, confirmar o sexo e verificar se não há malformações).

3º trimestre

Na reta final, alguns exames podem se repetir, como:

  • hemograma;
  • urina;
  • as sorologias infecciosas (sífilis, HIV, toxoplasmose e hepatites B e C);
  • ultrassonografia obstétrica (entre 34 e 37 semanas, para avaliar o crescimento do bebê);
  • pesquisa do estreptococo do grupo B.

Vale destacar que, no caso de uma gravidez de risco, exames pré-natais adicionais podem ser solicitados pelo médico a qualquer momento, com o intuito de preservar a saúde da mãe e do feto antes, durante e após o parto.

Quais vacinas são indicadas?

As vacinas são outro ponto fundamental para as mamães que desejam uma gravidez saudável. Isso, porque além de fortalecer o sistema imunológico da gestante, as defesas do bebê também são beneficiadas por elas.

Entre as vacinas indicadas durante a gestação estão:

  • Influenza (gripe);
  • Hepatite B;
  • Tríplice bacteriana (dTpa);
  • Covid-19 (duas doses + reforço).

Vacinas que a gestante não deve tomar

Alguns imunizantes não são indicados durante a gravidez. É o caso daqueles que contêm vírus ou bactérias enfraquecidos, mas ainda vivos, como:

  • vacina da dengue;
  • tríplice viral (para sarampo, caxumba e rubéola);
  • HPV;
  • varicela (catapora).

Vacinas recomendadas em situações especiais

Também há um grupo de vacinas que pode ser recomendado em ocasiões específicas, como:

  • Hepatite A;
  • Hepatite A e B;
  • Pneumocócicas (indicada para pneumonia, meningite e otite);
  • Meningocócica conjugada ACWY e meningocócica B;
  • Febre amarela.

Por que é importante fazer o pré-natal?

O pré-natal não é obrigatório, mas é um direito garantido por lei e assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para todas as mulheres. Caso a futura mãe opte por não fazer o acompanhamento, é fundamental compreender que ela está colocando em risco a sua vida e também a do pequeno.

Além de possíveis complicações durante a gestação, quando não há pré-natal é impossível saber como está o bebê no momento do parto ou se ele e a mãe precisarão de algum atendimento especializado. 
A falta de monitoramento e orientações também pode tornar a vida materna mais difícil, especialmente nos primeiros dias, assim como resultar em problemas de saúde futuros para o recém-nascido.

Vantagens do pré-natal

Os pontos positivos de realizar o pré-natal são inúmeros. Além de prevenir doenças e possibilitar o tratamento precoce de eventuais complicações, uma gestação bem acompanhada irá impactar positivamente o parto, a vida em família (pai, mãe e o serzinho que acabou de chegar) e todas as fases da vida da criança.

Somente por meio desse acompanhamento é possível:

  • identificar e tratar doenças que, em alguns casos, evoluem de forma silenciosa (diabetes, hipertensão, anemia, sífilis, entre outras);
  • detectar malformações do feto em fase inicial, o que possibilita o tratamento precoce ou ainda na barriga da mãe e pode levar o bebê a uma vida normal;
  • avaliar problemas na placenta que, quando não descobertos, podem causar complicações para a mãe;
  • diagnosticar problemas graves como a pré-eclâmpsia (pressão alta), uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil;
  • orientar quanto aos tipos de partos;
  • preparar o pai e a mãe para a chegada do bebê, por meio de acompanhamento psicológico e orientações práticas (higiene, amamentação, alimentação, sexualidade, entre outros).

Orientações importantes durante o pré-natal

É comum que os pais tenham muitas dúvidas sobre o que podem ou não fazer durante a gestação. Por isso, separamos alguns exemplos de questões que podem ser esclarecidas nessa nova fase.

Alimentação em casa e fora de casa

Uma alimentação equilibrada é fundamental em todas as fases da vida, especialmente na gravidez, pois todos os nutrientes ingeridos pela mãe são disponibilizados ao bebê. Por isso, o consumo de determinados alimentos são prejudiciais nessa fase. Alguns exemplos são aqueles com excesso de açúcar e substâncias com toxicidade, como bebidas alcoólicas. 

Também devem ser evitados alimentos que apresentam risco de contaminação, como verduras mal lavadas e carnes cruas, o que pode ocasionar uma infecção chamada de toxoplasmose. Ainda, para as mães que apresentam comorbidades já existentes, como diabetes, o cuidado com a alimentação deve ser redobrado para não agravá-las.

Outro ponto importante é manter essa atenção especial no pós-parto,
pois existem alimentos que auxiliam na cicatrização, amamentação e saúde mental, além de dar mais energia. Entre eles estão as carnes, peixes, ovos, vegetais verde-escuros, azeite de oliva, sementes, abacate, entre outros.

Por fim, sempre que possível, procure:

  • alimentar-se em casa;
  • lavar bem os alimentos;
  • optar por frutas e legumes orgânicos e boas fontes de gordura;
  • evitar alimentos açucarados e ultraprocessados;
  • dar preferência para os alimentos cozidos (mesmo os legumes);
  • evitar carnes mal passadas, molhos prontos e frituras.

Prática de atividades físicas

É muito importante que a futura mamãe esteja preparada para enfrentar as 40 semanas de gestação (em média). Por isso, a prática de exercícios para gestantes é muito importante por diversos motivos, como controle do peso, alívio de dores no corpo, melhora na qualidade do sono, entre outros.

No entanto, vale destacar que qualquer atividade deve ser autorizada pelo médico ou profissional responsável pelo pré-natal, acompanhada por um profissional capacitado e dentro dos limites e do condicionamento de cada mulher.

Saúde bucal

Alguns fatores podem interferir na saúde bucal da gestante e mesmo do bebê, ainda na barriga da mãe. Enjoos frequentes, vômitos, má alimentação e alterações hormonais podem facilitar o surgimento de cáries, desgaste nos dentes, sangramentos na gengiva, entre outras condições.

Logo, é importante consultar um dentista antes e durante a gestação para buscar orientações sobre cuidados com a higiene bucal e realizar o acompanhamento adequado, evitando, assim, problemas futuros.

Uso de medicamentos

Existem muitos medicamentos seguros para uso durante a gravidez, especialmente para gestantes que já apresentam alguma complicação ou para aliviar desconfortos, como dores de cabeça, enjoos excessivos e vômitos.

Vale destacar, no entanto, que todo e qualquer remédio deve ser usado somente com orientação médica ou do profissional responsável pelo pré-natal. A automedicação pode causar danos à saúde da mãe e do bebê.

Tratamentos estéticos: o que pode e o que não pode

Alguns cuidados habituais devem ser reavaliados com o médico durante o pré-natal. Tinturas de cabelo e cremes para a pele contendo metais pesados e amônia, por exemplo, devem ser evitados nessa fase, assim como aplicação de botox.

Já a drenagem linfática costuma ser liberada. Também é importante avaliar com profissionais capacitados o uso de produtos de higiene pessoal e autocuidado livres de ingredientes que possam aumentar a carga tóxica no organismo..

Sexo durante a gestação

Quando se trata de uma gravidez de baixo risco, o contato íntimo é permitido durante toda gravidez e não machuca o bebê. A mamãe deve sempre se sentir confortável e conversar com o seu parceiro sobre o assunto.

Plano de parto

Talvez muitas mulheres não saibam, mas é possível escrever e detalhar como será o nascimento do seu bebê. O plano de parto é um documento legal, reconhecido pela OMS e pelo Ministério da Saúde, que garante o direito da gestante de deixar registrado todos os aspectos relacionados a esse momento.

Esse documento pode ser construído durante todo o pré-natal e contar com a participação dos profissionais envolvidos nesse acompanhamento, atendendo aos desejos da gestante e sempre priorizando o que é mais seguro para ela e o bebê.

Pré-natal do parceiro

Assim como as mulheres, os homens podem procurar um médico quando surgir o desejo de ter filhos, para avaliar como está a sua saúde e os seus hábitos de vida.

Além disso, é muito importante que o parceiro seja envolvido durante todo o acompanhamento pré-natal para estimular a paternidade ativa na gestação, parto, puerpério e crescimento do bebê. Também é uma forma de aproximar o casal, criar e fortalecer vínculos afetivos entre eles e o pequeno.

Relembrando! O pré-natal é um direito de toda a gestante. Seja no posto de saúde, em uma clínica particular ou em um hospital público, não deixe de realizar esse acompanhamento que, acima de tudo, salva vidas.

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