Ao gerar uma nova vida, é unânime o desejo dos papais e das mamães de que os seus bebês cresçam saudáveis e desenvolvam todo o seu potencial físico e mental. O que talvez muitos ainda não sabem é que consolidar esse desejo exige atenção, dedicação e preparação de ambas as partes, com destaque especial para os fatores nutricionais.
Quer saber tudo sobre o assunto? Siga no texto e entenda como a saúde dos pais pode influenciar na vida dos filhos, quais são as principais vitaminas para engravidar, quando suplementar e quais os benefícios dessa preparação ao longo da vida dos pequenos.
Qual a importância da nutrição na pré-concepção?
Estudos evidenciam que a saúde dos bebês começa com uma boa nutrição dos pais ainda na pré-concepção, e ganha força quando os cuidados são mantidos pela mãe durante a gestação e a amamentação.
Além de contribuir com o pleno desenvolvimento dos pequenos, a otimização de nutrientes também influencia o genoma fetal, com consequências para o futuro da criança, reduzindo o risco de doenças cromossômicas e favorecendo o desenvolvimento cerebral.
Solo fértil
Para entender melhor, uma analogia interessante é pensar nas plantas. Para que elas se desenvolvam com mais vigor, além dos cuidados diários, é fundamental que o solo seja fértil e as sementes de boa qualidade. Assim também são os indivíduos. É preciso preparar o corpo da mulher com uma boa nutrição (deixar o solo fértil) para receber as sementes fornecidas pelo homem, as quais devem ter uma boa qualidade genética e nutricional. Com isso, a probabilidade de gerar novas vidas mais saudáveis é muito maior.
Legado nutricional
Ainda, outro fato curioso está relacionado a pesquisas sobre a influência de uma gestação bem nutrida não só na vida do bebê, mas também dos seus netos e bisnetos. Esse legado nutricional é denominado “herança epigenética transgeracional” e indica que, com o tempo, bons hábitos nutricionais podem proporcionar uma influência positiva no tronco familiar.
Por que tomar vitaminas para engravidar?
A combinação de algumas vitaminas para engravidar é fundamental no período de pré-concepção. Isso, porque além de favorecer a fertilidade, elas contribuem na prevenção de doenças durante a gestação (na mãe e no bebê), melhoram a função cognitiva do pequeno e trazem mais saúde de modo geral. Logo, o ideal é que a preparação, tanto do homem quanto da mulher, inicie ainda antes da concepção.
Uma alimentação equilibrada, com alimentos frescos e, se possível, orgânicos, livres de pesticidas, hormônios, açúcares, conservantes, corantes e outros químicos comuns encontrados em alimentos ultraprocessados, continua sendo uma das principais formas de preparar o organismo para acolher uma nova vida.
Para complementar, um aporte nutricional pode ser feito por meio de suplementos, como polivitamínicos e outros nutrientes considerados importantes para a concepção e o período gestacional. Além disso, a manutenção de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, redução de estresse, técnicas de relaxamento, meditação e abstenção de álcool, cigarro e alguns tipos de medicamentos contribuem para uma gestação saudável.
Quais são as principais vitaminas para engravidar?
A seguir, confira as principais vitaminas para uma boa nutrição de homens e mulheres que desejam ter um bebê. O consumo desses nutrientes pode ser feito por meio da alimentação ou suplementação, sendo que o ideal é planejar a gestação para iniciar os cuidados com a nutrição pelo menos 6 meses antes da fecundação.
Sua gravidez não foi planejada? Converse com o seu médico. Ele poderá lhe orientar quanto aos exames necessários para entender as suas necessidades nutricionais.
Para as mulheres
A concepção de uma nova vida exige todos os nutrientes disponíveis no corpo da mãe. Como a prioridade é o bebê, algumas mulheres podem ficar com os seus estoques nutricionais reduzidos durante a gestação. Por isso, a importância de uma alimentação equilibrada e da suplementação, conforme necessidade, ainda antes da gestação.
Uma boa reserva de nutrientes contribui para a fertilidade, além da saúde e do bem-estar durante e após a gestação, prevenindo doenças como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, malformações e a depressão pós-parto.
Conheça as principais vitaminas para engravidar e outros nutrientes importantes para a preparação das mulheres:
Ácido fólico
Também conhecido como vitamina B9, o ácido fólico é fundamental para reduzir o risco de defeitos congênitos do cérebro e da coluna vertebral (má formação do tubo neural). Por isso, a sua suplementação costuma ser indicada no período que antecede a gestação (pelo menos 3 meses antes), com o intuito de garantir a ingestão necessária.
Ainda, cerca de 20% a 40% da população pode apresentar uma mutação em uma enzima chamada Metileno TetraHidroFolato Redutase (MTHFR), a qual impede a etapa final de metabolização do ácido fólico em ácido fólico ativo (metilfolato). Por isso, os polivitamínicos mais modernos apresentam em suas fórmulas o metilfolato, ou seja, o ácido fólico ativo, o que garante a sua absorção.
Vitaminas do complexo B
Além do ácido fólico, outras vitaminas do complexo B contribuem para o aumento da fertilidade e uma gestação saudável. São elas:
- Vitamina B12: auxilia na absorção do ácido fólico e desempenha um papel importante na formação normal do sangue, na função neurológica e no metabolismo do bebê. Também pode reduzir possíveis complicações da gravidez, como aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, defeitos no tubo neural, entre outros.
- Colina (vitamina B8): possui função neuroprotetora, é essencial para a metilação do DNA (mecanismo epigenético) contra vários insultos neurais pré-natais e pós-natais, previne defeitos congênitos e pode trazer benefícios para danos hepáticos e em relação a alterações neurológicas durante a gestação (como depressão, perda de memória e outras). Grandes quantidades de colina são doadas pela mãe durante a gestação e após, na amamentação, tornando necessária a suplementação para mulheres que não possuem uma dieta rica em carnes, ovos, laticínios e amendoim, principais fontes do nutriente.
- Vitamina B6: atua na formação do sistema nervoso e dos glóbulos vermelhos, como esteroide hormonal (relacionado ao colesterol) e na síntese do ácido nucleico. Em alguns casos, pode ser indicada para o tratamento de enjoos durante a gravidez.
Vitamina C
A vitamina C é reconhecida por contribuir no fortalecimento do sistema imunológico, auxiliar na absorção de ferro, nutriente essencial antes, durante e após a gravidez, além de atuar como um poderoso antioxidante na redução do estresse oxidativo das células. Ainda, participa da síntese de colágeno, importante para o crescimento do folículo dominante (aquele que se torna apto a liberar o óvulo maduro a ser fecundado), contribuindo assim na ovulação.
Vitamina D
Em relação à fertilidade, a vitamina D em níveis adequados pode ser benéfica para mulheres com Síndrome do Ovário Policístico (SOP), resistência à insulina e baixos níveis do hormônio produzido no ovário, responsável por regular o desenvolvimento e o crescimento dos folículos (hormônio anti-mulleriano).
Durante a gestação, essa vitamina está relacionada ao crescimento e à redução do risco de mortalidade fetal e neonatal, além de prevenir várias condições como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, infecção vaginal bacteriana, raquitismo, nascimento prematuro por cesárea, baixo peso ao nascer, gordura corporal na infância, defeitos no esmalte dentário, autismo, TDAH e outras desordens psiquiátricas.
Embora seja produzida pelo organismo por meio da exposição solar (sem protetor solar), muitas pessoas apresentam deficiência de vitamina D, tornando necessária a sua suplementação.
Vitamina E
A vitamina E é um importante antioxidante antes e durante a gravidez, e também no parto. Isso, porque além de defender as células na gestação e contribuir para a fertilidade, níveis elevados dessa vitamina durante o nascimento foram associados a uma melhor função cognitiva em crianças de até 2 anos de idade.
Para os homens
O cuidado com a saúde e a nutrição dos papais está relacionado a produção de espermatozoides mais saudáveis para a concepção do embrião. Ao contrário da mulher, que já nasce com um “estoque” de óvulos, o homem produz espermatozoides ao longo da vida. Esse processo leva em média 60 dias e pode ser influenciado por fatores ambientais (sobrecarga tóxica, tabagismo, excesso de álcool, entre outros) e/ou nutricionais.
Por isso, com o intuito de manter a qualidade espermática e a capacitação fértil, alguns nutrientes são fundamentais para melhorar a função reprodutiva masculina e a expressão gênica do futuro bebê. Em especial, os que atuam como antioxidantes e os que podem aumentar a motilidade espermática. Confira os principais deles:
Vitamina A
A vitamina A desempenha um papel importante na produção dos hormônios masculinos e dos espermatozoides. Sua deficiência pode prejudicar a fertilidade masculina, pois está relacionada às baixas qualidades do sêmem e da produção de testosterona, à redução na quantidade de espermatozoides e às alterações na sua morfologia.
Vitamina C
Um antioxidante natural, a vitamina C combate os radicais livres e é capaz de aumentar a qualidade, a concentração e a motilidade dos espermatozoides, fator fundamental para melhorar a fertilidade masculina e gerar bebês mais saudáveis.
Vitamina E
A vitamina E também faz parte do time de antioxidantes que combate os radicais livres e influencia positivamente a qualidade dos espermatozoides, protegendo-os contra mutações e melhorando a sua motilidade. Ainda, auxilia na formação dos hormônios masculinos, contribuindo para a fertilidade.
Por que e quando suplementar?
Uma alimentação, assim como um estilo de vida saudável, é muito importante em todas as fases, especialmente quando se decide gerar uma nova vida, pois não se trata mais apenas do casal, mas também do bebê e do seu desenvolvimento futuro.
Acontece que, mesmo com uma alimentação balanceada, a absorção de nutrientes pode não ser a ideal por diversos fatores, tornando necessária a suplementação. Entre os principais estão:
Empobrecimento do solo
A agricultura industrial, o cultivo de monoculturas, a maior produção em espaço menores, entre outras mudanças na forma de produzir os alimentos têm impactado cada vez mais na qualidade do solo, reduzindo a concentração dos micronutrientes presentes nos alimentos.
Uso de agrotóxicos em excesso
Fungicidas à base de metais, químicos sintéticos, pesticidas, entre outros agrotóxicos presentes nos alimentos, reduzem sua qualidade nutricional, além de contribuir para o aumento da carga tóxica no organismo.
Exposição contínua a substâncias nocivas
Não apenas nos alimentos, mas também nos ambientes, nos produtos de limpeza, nos cosméticos e na higiene pessoal. Esse aumento no contato com substâncias nocivas contribuem para o aumento da carga tóxica e, consequentemente, a necessidade do organismo de ter mais nutrientes à disposição para realizar o seu processo natural de detoxificação.
Uso de medicamentos sintéticos
Alguns medicamentos podem inibir a absorção de determinados nutrientes. A pílula anticoncepcional, por exemplo, pode causar deficiência de vitaminas do complexo B e minerais como selênio, magnésio e zinco.
Além de tudo isso, algumas mamães sentem muito enjoo durante a gestação ou possuem restrições alimentares (intolerâncias e alergias) que podem comprometer ainda mais a ingestão e a absorção de nutrientes durante esse período.
Por isso, é importante conversar com o médico ou o nutricionista que acompanha a sua gestação para buscar orientações quanto ao uso de suplementos. Afinal, cada gestante é única, assim como os seus bebês e a sua demanda nutricional.
Benefícios que vão além da gravidez
Por fim, os benefícios de uma gravidez bem nutrida vão além do período pré-concepção, das 40 semanas de gestação (em média) e mesmo da amamentação. A otimização de nutrientes fornecidos por uma alimentação balanceada e suplementação adequada trazem bons resultados a longo prazo, relacionados ao desenvolvimento da capacidade física, intelectual e emocional.
Um estudo publicado no JAMA (2018), investigou a associação a longo prazo da suplementação de micronutrientes durante a gestação, com o desenvolvimento dos filhos ao chegarem na adolescência. O estudo de 14 anos, com 2.118 adolescentes, demonstrou que os filhos das mamães que foram suplementadas com múltiplos nutrientes durante a gravidez apresentaram um aumento significativo no desenvolvimento intelectual em comparação com os filhos daquelas suplementadas apenas com ácido fólico ou ácido fólico e ferro.
Ainda, quando as mães iniciaram o uso de suplementos precocemente (<12 semanas de gestação) em doses adequadas, a suplementação com múltiplos nutrientes foi associada a um quociente de inteligência em escala real de 2,16 pontos mais alto (IC 95%, 0,41-3,90) e a um quociente de compreensão verbal de 4,29 maior (IC 95%, 1,33-7,24), em comparação com o grupo suplementado apenas com ácido fólico.
Como os papais e as mamães sempre desejam o melhor para os seus pequenos, além de manter um estilo de vida saudável, procure sempre conversar com o seu médico e entender todos os benefícios da nutrição desde a pré-concepção até a vida adulta dos seus filhos.
Não foi possível planejar a gravidez? Não deixe de iniciar o acompanhamento assim que descobrir a gestação. Este guia completo sobre o pré-natal pode ajudar você a saber mais sobre o assunto.