Imagem de uma gestante sentada no sofá, com as pernas entrelaçadas. Ela está segurando uma xícara de chá com as duas mãos e com os olhos fechados, como se esse alimento lhe causasse uma sensação de bem-estar.

Enjoo na gravidez: como lidar e manter o bem-estar

O enjoo na gravidez é um dos sintomas mais comuns apresentado pelas futuras mamães. Ele pode ser mais ou menos intenso, durar poucos meses ou até mesmo a gestação inteira.

Por isso, é importante entender as causas, os sintomas e as maneiras de aliviar esse desconforto como forma de preservar o seu bem-estar e a sua saúde, assim como a do seu bebê. Vem com a gente para saber mais!

Por que acontece o enjoo na gravidez?

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – Frebasgo, por mais que náuseas e vômitos façam parte da realidade de 85% das gestantes, não há um fator único conhecido como responsável por causar o enjoo na gravidez. Por isso, ele é considerado uma condição multifatorial.

Entre as principais causas do enjoo na gravidez estão:

  • as mudanças hormonais, principalmente o aumento do  beta-HCG (gonadotrofina coriônica humana) e a progesterona;
  • questões emocionais;
  • fatores genéticos (mães e irmãs que apresentaram náuseas e vômitos na gestação);
  • questões de saúde anteriores à gestação (como problemas na tireoide ou presença da bactéria H. pylori) também podem contribuir para intensificar esse sintoma. 
  • hábitos alimentares, como permanecer por longos períodos sem ingerir alimentos ou fazer uma refeição muito grande e comer rápido. 

Apesar de desconfortável, no entanto, náuseas e vômitos atingem boa parte das gestantes e, quando presentes de forma moderada, indicam que está tudo bem com a gestação, afinal é normal que a produção hormonal seja maior nesse período.

Hormônios e sua relação com os enjoos

No início da gravidez, as alterações hormonais acontecem de forma rápida. Isso é importante porque cada hormônio (estrogênio, progesterona e beta-HCG) desempenha um papel na preparação do corpo da mulher para gerar a nova vida que se apresenta.

Porém, essa mudança repentina pode provocar náuseas e vômitos no primeiro trimestre da gestação, especialmente devido aos altos níveis do hormônio beta-HCG. Quanto mais elevado, maior a incidência de enjoos, o que explica a presença comum do sintoma em gestações de gêmeos, entre outras condições.

Ainda, a progesterona contribui para que o sistema digestório se torne mais “preguiçoso”, retardando o esvaziamento do estômago. Isso faz com que a gestante se sinta saciada de forma mais rápida, o que também pode favorecer o surgimento de náuseas.

Quais tipos de enjoo podem ocorrer na gravidez?

Há duas condições muito conhecidas e associadas ao enjoo na gravidez que apresentam como principais sintomas náuseas e vômitos: a êmese e a hiperêmese gravídica.

Êmese

Mesmo que dure a gestação inteira, os enjoos (êmese) não trazem prejuízos à saúde da gestante e do bebê. Eles atingem cerca de 80% das mulheres e ocorrem geralmente no período da manhã (enjoo matinal). 

De modo geral, as mamães conseguem se alimentar e ingerir líquidos durante boa parte do dia e sentem o sintoma diminuir após 12 semanas de gravidez (primeiro trimestre). Ainda, esse tipo de enjoo pode ser contornado por meio de algumas mudanças de hábitos ou do uso de medicação, quando considerado necessário pelo profissional responsável pelo acompanhamento pré-natal.

Hiperêmese gravídica

Já a hiperêmese gravídica é caracterizada por um quadro mais grave, em que a gestante apresenta náuseas e vômitos extremos e frequentes. As mulheres com essa condição não conseguem manter alimentos ou água no estômago, o que pode levar à necessidade de tratamento hospitalar, para a administração de medicamentos por via intravenosa.

A hiperêmese gravídica atinge menos de 3% das gestantes e tem como principais sintomas:

  • fortes náuseas;
  • vômitos persistentes (mais de 3 vezes por dia);
  • perda de peso;
  • desidratação;
  • tontura;
  • cansaço;
  • dores de cabeça;
  • desmaios.

Outros sintomas menos comuns, mas que também podem aparecer são: alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca, pele ressecada, icterícia e confusão mental.

Mais do que a qualidade de vida, a hiperêmese gravídica pode prejudicar a saúde da mãe e o desenvolvimento do bebê e, por isso, requer acompanhamento médico frequente.

Como aliviar o enjoo na gravidez?

Antes de falar sobre as formas de lidar com o enjoo na gravidez, vale destacar que cada gestação é única e cada mamãe responde de forma diferente às mudanças que essa nova fase traz. Por isso, é importante sempre seguir as orientações dos profissionais que estão acompanhando o seu pré-natal e observar como o seu organismo reage.

Entre as mudanças de hábitos mais comuns e que podem ajudar a aliviar o enjoo estão:

  • comer pequenas porções de comida, em intervalos de 3 em 3 horas;
  • optar por uma dieta leve e com alimentos menos gordurosos;
  • dar preferência a alimentos secos, como biscoitos ou torradas, principalmente no início da manhã quando os sintomas são mais intensos;
  • incluir o gengibre na alimentação (moderadamente). Para aquelas que não gostam de comer a raiz ou beber o chá, é possível manipular o gengibre e ingerir em forma de cápsulas;
  • aumentar os níveis de vitamina B6 (piridoxina), que pode ser prescrita pelo médico que acompanha a gestante;
  • adicionar frutas cítricas, como limão, no seu dia a dia (pode ser consumido puro, com água, na forma de picolé ou gelo);
  • realizar terapias complementares, como acupressão (pressão em ponto específico das mãos), aromaterapia (realizada com florais de Bach) e acupuntura (realizada por profissional capacitado);
  • praticar atividades físicas de baixo impacto, como a hidroginástica.

É importante perceber como o seu corpo reage a essas mudanças e avaliar o que funciona no seu caso. Ainda, você pode anotar os alimentos ou as atividades que proporcionaram maior alívio e usar essas informações a seu favor para promover substituições e garantir seu bem-estar.

Caso não seja observada melhora nos sintomas, é necessário conversar com o seu médico para avaliar a necessidade de tratamento medicamentoso.

O que evitar

Na listinha do que evitar durante essa fase de enjoos, está:

  • comer grandes quantidades de comida de uma única vez;
  • passar longos períodos sem se alimentar;
  • ingerir alimentos muito condimentados;
  • beber líquidos ao acordar, com o estômago vazio (dê preferência a alimentos sólidos e secos).

Como a rede de apoio pode auxiliar nesse momento?

A descoberta da gravidez marca o início de uma trajetória de amor e alegria, mas também de dúvidas e medos. Por isso, durante toda a gestação, assim como no pós-parto, as mamães podem e devem ter com quem contar, seja o parceiro ou a parceira, familiares ou profissionais da área da saúde.

Essas pessoas podem trazer mais conforto ao ouvir as queixas da gestante, dar carinho, preparar uma refeição, acompanhá-la durante uma consulta médica ou na realização de exames, esclarecer dúvidas, entre outras atitudes. 

Também é importante ter consciência de que cada gestação é única e que os sentimentos da futura mamãe não devem ser ignorados. Mesmo que o enjoo seja algo comum desse período, não significa que ela não esteja sofrendo com isso ou que nada possa ser feito para melhorar esse sintoma.

Paternidade ativa

O apoio e incentivo do parceiro antes, durante e após a gestação é fundamental, não somente para a mãe, mas para toda a família. Ser um pai ativo contribui para estreitar laços, criar vínculos e estabelecer relacionamentos saudáveis que podem trazer benefícios ao longo dos anos. E isso se estende para todos os formatos de família, sendo pai, parceira ou quem estiver nesse lugar ao lado da gestante.

Para saber mais sobre esse assunto, continue no blog e confira o nosso artigo sobre paternidade ativa. Nele você vai entender o que é, qual a importância, como exercer, quais benefícios e como incentivar quem está ao seu lado nessa trajetória a assumir um papel ativo desde o planejamento familiar até a vida adulta dos seus filhos.

FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES BRASILEIRAS DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Êmese da gravidez. São Paulo, 2018.(Série Orientações e Recomendações FEBRASGO, n. 2/Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-natal). Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/SeyrieZ-ZEmeseZnaZGravidezZ-ZwebZ-ZversoZfinal.pdf>. Acesso em: 25 de abril de 2023.

BARBOSA, Fabiana da Costa Borges; VIEIRA, Adriele Laurinda Silva. Zingiber officinale (gengibre) na êmese gravídica: uma breve revisão narrativa. Scientia Generalis, v. 2, n. 2, p. 107-115. 2021. Disponível em: <http://scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/182/134>. Acesso em: 25 de abril de 2023.

VAZ, Jorge Oliveira. Náuseas e vômitos na gravidez. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), São Paulo: 2018. (Protocolo Febrasgo – Obstetrícia, nº 3/Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal). Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046490/femina-2019-471-52-54.pdf>. Acesso em: 25 de abril de 2023.