Os benefícios de um sono de qualidade não são exclusividade dos adultos. Assim como o nosso organismo libera hormônios e fortalece o sistema imune enquanto dormimos, o sono do bebê impacta diretamente no seu desenvolvimento físico, emocional e cognitivo.
Dormir melhor é ganhar saúde. Por isso, uma boa noite de sono é fundamental tanto para os papais, quanto para as crianças.
Não sabe como isso é possível? Entenda neste texto como funciona o sono do bebê, qual a importância para um desenvolvimento saudável e dicas que podem ajudar o seu pequeno a dormir melhor.
Como funciona o sono do bebê?
O primeiro passo é entender que o sono do bebê não é igual ao de um adulto. Nos primeiros meses de vida, o ciclo circadiano (período de um dia) do pequeno precisa passar por um processo de amadurecimento para consolidar o ciclo biológico.
Além disso, no primeiro trimestre, o aparelho neurológico do bebê é imaturo e não produz melatonina de forma estável, o que torna os estados de sono e vigília imprevisíveis. Por isso, ele acorda quando está com fome ou sente algum desconforto, como frio, calor ou fralda suja.
Nesse período, é importante entender os sinais dos pequenos e aceitar esse ritmo de sono, em que eles acordam a cada 2 ou 3 horas (não há uma regra).
O ciclo do sono do bebê
Assim como os adultos possuem diferentes estágios do sono, os recém-nascidos apresentam, principalmente, duas fases: o sono quieto (que corresponde ou semelhante ao sono NREM); e o sono ativo (que corresponde ou semelhante ao sono REM).
Por volta dos 6 meses de idade, o sono quieto será definido como sono NREM e se subdividirá em 4 estágios. A partir deste momento, pode-se utilizar a mesma classificação adotada para os adultos.
No sono REM, a respiração é mais rápida e irregular, é possível observar movimentação ocular abaixo das pálpebras e até mesmo outros sinais como a testinha franzida. Se precisar acordar o seu bebê em algum momento, essa fase do sono é mais indicada, por ser menos traumática para ele.
Por outro lado, no sono NREM, o pequeno dorme profundamente, com respiração mais lenta e regular, com pouco ou nenhum movimento. É durante essa fase do sono, que muitos pais ou cuidadores se aproximam para confirmar se o bebê está respirando, pois costuma ficar muito quieto.
O ciclo do recém-nascido dura aproximadamente 50 minutos e costuma incluir a mesma quantidade de sono REM e NREM. É durante a transição entre uma fase e outra que muitos bebês costumam despertar. Porém, se ele não acordar, ele tende a permanecer no sono leve por mais ou menos 10 minutos e retornar ao sono profundo.
Tabela do sono do bebê
O número de horas de sono do bebê, em um período de 24 horas, varia ao longo dos primeiros meses e anos de vida, assim como a duração dos períodos de sono ao longo do dia e à noite.
Durante os primeiros 3 meses é natural que o bebê acorde a cada 2 ou 3 horas, independente do horário. Já a partir dos 4 meses, a maioria costuma dormir à noite e passar mais tempo acordado durante o dia. No entanto, é importante destacar que há exceções, pois cada bebê é único.
Confira na tabela abaixo, o número de horas de sono em cada faixa etária, de acordo com a recomendação da Sleep Foundation:
Idade |
Horas de sono |
0 – 3 meses |
14 a 17 horas* |
4 – 11 meses |
12 a 15 horas* |
1 a 2 anos |
11 a 14 horas* |
3 a 5 anos |
10 a 13 horas* |
6 a 13 anos |
9 a 11 horas* |
* Inclui cochilos da criança durante o dia.
Por que o bebê precisa dormir?
O sono é um elemento fundamental para o desenvolvimento humano de modo geral porque é durante o sono que o cérebro experimenta diversas atividades e consolida bases importantes para o nosso aprendizado e crescimento. Também é durante esse período que acontece a liberação de diversos hormônios.
Tudo isso interfere em comportamentos, emoções e até mesmo no fortalecimento do sistema imunológico.
Por outro lado, noites mal dormidas ou sono de má qualidade na infância podem causar problemas no desempenho cognitivo, nas habilidades sociais e na obesidade infantil, além de comprometerem a qualidade de vida da criança como um todo.
Confira alguns distúrbios do sono que podem ocorrer em crianças.
Distúrbios do sono em crianças
De uma hora para outra, o bebê que dormia a noite toda, passa a não dormir. O que pode ser isso? De modo geral, esse comportamento está associado aos marcos de desenvolvimento infantil, em que a criança adquire novas habilidades, o que pode interferir na qualidade do sono.
Além disso, outros distúrbios podem ser comuns na infância, como:
- Terror noturno: acontece no início do sono. A criança não desperta completamente, mas costuma gritar, parecer assustada e apresentar batimentos cardíacos e respiração acelerada. É comum entre crianças de 5 e 7 anos e geralmente ela não se lembra de nada após o episódio.
- Pesadelos: são sonhos assustadores em que a criança pode ou não despertar completamente e se lembrar de todos os detalhes. Podem ocorrer em virtude de situações estressantes passadas pela criança ou após assistir a conteúdos agressivos.
- Sonambulismo: é quando a criança levanta da cama e anda pelo quarto ou pela casa. Ela pode até despertar, mas geralmente não se lembra do que aconteceu. É preciso atenção para não ocorrerem acidentes.
- Resistência a ir dormir: pode acontecer devido à ansiedade de separação dos pais ou não ter uma rotina de sono, permitindo que a criança durma tarde ou cedo demais.
- Despertar noturno: eventos estressantes, mudanças, brincadeiras superestimulantes antes de dormir ou longas sonecas no final do dia podem fazer com que a criança desperte diversas vezes durante à noite, interferindo na qualidade do sono.
Vale ressaltar que cólicas, nascimento dos dentinhos, calor, frio, dor ou febre são fatores que também interferem na qualidade do sono, mas não significa que o seu filho tenha um distúrbio do sono.
Para a maioria das crianças, os distúrbios do sono são temporários. De qualquer forma, é importante observar essas alterações e relatar para o médico pediatra.
Como regular o horário de sono do bebê?
Os cuidados com recém-nascidos são muitos. Entre eles, estão como fazer o pequeno dormir e como estabelecer uma rotina de sono do bebê.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, após os 3 meses de vida, é importante que os pais adotem uma rotina para ajudar o bebê a identificar a hora de dormir e despertar, assim como os cochilos durante o dia. Logo, o ritmo circadiano irá se estabelecer por meio da repetição e a criança estará preparada emocionalmente para todos os momentos do dia e da noite, inclusive o sono.
O ideal é determinar um horário da noite para desacelerar e evitar brincadeiras agitadas. Além disso, estabelecer uma rotina igual todos os dias, que pode incluir: banho, massagem, uma mamada, música para bebê dormir ou qualquer outra coisa que indique para o pequeno que está na hora de deitar.
Para que ele aprenda a adormecer sozinho, o bebê pode ser deitado no berço ainda antes de adormecer, fazendo com que entenda se tratar de um lugar seguro.
Estabelecer uma rotina prepara a criança emocionalmente para dormir, gera conforto e segurança. Mas, é claro, exige consistência e constância dos pais. Afinal, precisa ser um momento prazeroso para ambos.
Como fazer o bebê dormir a noite toda?
Não existe mágica. Conhecimento, identificar os sinais do seu pequeno, atitudes práticas, cuidado e muito amor, costumam ser ingredientes eficazes para fazer o seu bebê dormir a noite toda.
Além de estabelecer uma rotina para regular o sono do bebê, conforme falamos no tópico anterior, existem outros cuidados e rituais que podem ajudar a criança a associar o período noturno com o sono.
Por isso, vamos entender um pouco mais sobre a higiene do sono e dicas para obter bons resultados com os pequenos.
Higiene do sono
A higiene do sono compreende uma série de hábitos ou atividades que objetivam ajudar as pessoas a dormirem melhor.
Isso se aplica tanto em adultos, quanto em crianças e até em bebês porque eles ainda estão no início da caminhada e são os pais os principais influenciadores dos seus hábitos.
Não há certo e errado, mas, por exemplo, se os pais costumam embalar o bebê para que ele durma antes de colocar no berço, a tendência é que ele se acostume a adormecer dessa forma. No início, é uma prática muito gostosa, mas com o passar do tempo pode se tornar cansativa para os pais.
Da mesma forma, está o hábito de dormir com os pais, dividindo a mesma cama. Nos primeiros meses de vida, não é recomendado devido ao risco de morte súbita ou lesões. Porém, depois, fica a critério dos pais ou dos cuidadores. Não é prejudicial para a criança dormir com os pais. Isso tem mais a ver com escolhas.
Dicas para melhorar o sono do bebê
Entre os rituais que podem contribuir para o bebê dormir a noite toda estão:
- Criar um ambiente silencioso e com pouca luz;
- Manter o mesmo horário para dormir e acordar todos os dias;
- Dar banho;
- Trocar a roupa pelo pijama;
- Colocar uma fralda limpa;
- Alimentar o pequeno;
- Ler um livro, cantar canções de ninar ou colocar música para bebê dormir;
- Evitar barulhos, agitação e telas, pelo menos 1 hora antes de dormir, principalmente devido à luz dos smartphones e tablets;
- Determinar uma rotina de cochilos durante o dia e evitar cochilos longos no final da tarde;
- Manter os ambientes iluminados e com sons durante o dia, e luzes mais fracas e movimentos mais calmos durante a noite, para favorecer a identificação dos turnos pelo bebê.
O que fazer se o bebê não dormir?
Mesmo seguindo todos esses rituais, pode ser que o seu bebê não durma bem todos os dias.
Nesse momento, é importante lembrar que cada bebê é único e não irá seguir todas as regras. É normal que os recém-nascidos acordem várias vezes durante a noite ou tenham momentos de regressão do sono, devido aos marcos de desenvolvimento, nascimento dos dentinhos ou mudança na hora do cochilo.
Por isso, reconhecer os sinais do seu pequeno, dar amor e atenção, assim como encorajar a independência dele podem fazer com que se sinta mais confortável e menos ansioso quando separado dos pais para dormir.
Aos papais, não se sintam pressionados e solicitem ajuda dos familiares quando se sentirem cansados. Lembre-se que a privação do sono causa danos também aos adultos.
Na dúvida, converse sempre com o pediatra e busque orientações.
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